Um padre que atua em São Gonçalo do Amarante, na região
metropolitana de Natal, foi afastado das funções ministeriais durante uma
investigação sobre suposto abuso sexual de um adolescente.
A informação foi confirmada pela Arquidiocese de Natal. O
arcebispo Dom Jaime Vieira Rocha determinou o afastamento do padre e a
instauração de uma investigação prévia. A medida foi tomada na última
terça-feira (18).
"A dimensão e a gravidade da denúncia obrigam a
assumir o compromisso pela verdade, justiça e reparação dos danos. Nesse
sentido, a Arquidiocese de Natal se colocará à disposição das autoridades civis
para que o caso seja elucidado em vista do bem das partes e da própria
Igreja", afirma a nota divulgada pela igreja.
O g1 procurou o padre por telefone, mas não teve as
ligações atendidas.
Denúncia
O caso veio à tona após a denúncia da mãe de um
adolescente de 14 anos, que teria sofrido um abuso na igreja, no último domingo
(16). Segundo a mulher, que terá a identidade preservada, o caso aconteceu
dentro da sacristia.
Ela contou que o filho conheceu o religioso há cerca de
três meses e o padre pediu que ele e os amigos ficassem indo à igreja,
incluindo os adolescentes em atividades religiosas. Segundo a mãe, o filho era
levado para lanches e inclusive passou a receber R$ 200 do padre para que
retirasse os dízimos e ofertas.
"Domingo passado meu filho me ligou pedindo para eu
ir buscá-lo o mais rápido possível na igreja. Eu perguntei o que tinha
acontecido, mas ele não quis falar na hora. Depois que eu cheguei, ele contou
que tinha ido tomar água, quando o padre chegou, abraçou ele, ficou chupado a
orelha dele, beijando o pescoço e empurrando ele contra a parede", disse a
mãe.
De acordo com ela, o jovem se desvencilhou do padre e
saiu da igreja. Após deixar o local, o menino ainda revelou à mãe conversas com
o padre por meio de um aplicativo de mensagens. Em um dos diálogos, o religioso
teria perguntado ao adolescente se ele gostava de homem ou de mulher. Em outro,
ele relatou ao garoto que estava na cama "como veio ao mundo".
A família decidiu registrar um boletim de ocorrência na
delegacia do município na segunda-feira (17).
"Meu filho está traumatizado, quando vê um carro
parecido, acha que é ele (padre), não está conseguindo raciocinar direito na
escola. Vamos levá-lo a um psicólogo", relatou a mãe.
De acordo com ela, após o caso do seu filho ser
divulgado, outras duas denúncias teriam sido feitas por famílias da região.
Segundo a Polícia Civil de São Gonçalo do Amarante, o
jovem e a mãe deram depoimento sobre a suposta importunação sexual na última
terça-feira (18). Outro adolescente foi ouvido pela corporação na quarta (19) e
outro foi convidado a prestar depoimento nesta sexta (21). O padre deverá ser
ouvido pela corporação no início da próxima semana.
Igor Jácome, g1 RN